osé de Moura Alcântara vem de família numerosa, onze irmãos, todos naturais da localidade do Careiro, Amazonas. Filho de João Marinho de Alcântara e Judith de Moura Alcântara, nascido em 20 de novembro de 1946, é conhecido hoje como José Alcântara, artista monumentalista, telúrico, passional com relação às coisas da sua região e com inegável vocação ecológica que tão bem expressa em seu trabalho.

José Alcântara em seu atelier na Central de Artesanato Branco e SilvaAlcântara começou sua carreira artística pintando remos e entalhando portas e painéis no município de Cambixe, onde morava com seus pais. Entre os 6 e 10 anos, aprendeu a fazer canoas de madeira, chegando a usar muitas delas para cruzar os igarapés de região. Lembra-se com saudade de seu avô que todo fim-de-semana o presenteava com um caderno de desenho e uma caixa de lápis de cor, mais do que suficientes para o menino começar a exercitar aquele que seria seu ofício.

Foram muitos e diferentes os caminhos de José Alcântara até chegar à sua atual profissão de escultor em madeira. Começou na sua terra tirando leite, depois foi motorista de ônibus, de táxi, pintor de letreiros para casas comerciais, pintor de "paisagens amazônicas" para bares, restaurantes e hotéis. Em seguida, foi para uma oficina de móveis, atuando como laqueador, e depois, finalmente, como entalhador em madeiras como cedro.

Na pequena marcenaria em Manaus acabou achando seu caminho. Primeiro aprendeu a montar armários e, depois, a fabricar cômodas. Certo dia, tendo terminado um armário, sentiu falta de alguma coisa. Achou que poderia acrescentar um detalhe, uma tira de madeira com algumas folhas entalhadas, lembrando a arte que aprendeu com as canoas da infância. O sucesso foi imediato. Todos queriam móveis entalhados.

Entre formões e goivas, foi pegando o jeito, até que novamente, o acaso desenhou definitivamente o caminho do artista. Vendo um cisne de louça de sua mãe , resolveu copiá-lo em madeira. Mantendo as proporções e recriando os detalhes, sem esquecer os dotes de pintor que aprendeu pintando automóveis, concluiu seu primeiro bicho, que ele não vende nem dá, e guarda até hoje na casa de sua mãe como uma espécie de amuleto.

Estudando a anatomia de centenas de gatos, seus movimentos, e observando onças "sem chegar muito perto", Alcântara começou a esculpir a sua marca registrada. Sempre em madeira bruta, sem qualquer emenda, começou a dar vida primeiro aos felinos amazônicos e, depois, a peixes, cotias, antas, cobras, jacarés, tucanos, araras, com uma infinidade de propostas de tamanhos, movimentos e situações. Para os "bigodes" dos bichos, usa "bigodes" de gato que os meninos de Manaus levam para ele. O brilho dos olhos, que parecem de vidro, é outro segredinho de sua técnica. Usa uma mistura de resinas e colas para chegar ao resultado. E o que se vê é impressionante.

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